sexta-feira, 18 de maio de 2012

O poder do perdão


Reflexões baseadas na leitura do Capítulo 10 – Bem-aventurados os misericordiosos 



Há na prática do perdão, e na prática do bem, em geral, além de um efeito moral, um efeito também material. A morte, como se sabe, não nos livra dos nossos inimigos. Os Espíritos vingativos perseguem sempre com o seu ódio, além da sepultura, aqueles que ainda são objeto do seu rancor. Daí ser falso, quando aplicado ao homem, o provérbio: “Morto o cão, acaba a raiva”. O Espírito mau espera que aquele a quem queira mal esteja encerrado em seu corpo, e assim menos livre, para mais facilmente o atormentar, atingindo-o nos seus interesses ou nas suas mais caras afeições. É necessário ver nesse fato a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo daqueles que apresentam certa gravidade, como a subjugação e a possessão. O obsedado e o possesso são, pois, quase sempre, vítimas de uma vingança anterior, a que provavelmente deram motivo por sua conduta. Deus permite a situação atual, para os punir do mal que fizeram, ou, se não o fizeram, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, deixando de perdoar. Importa, pois, com vistas à tranquilidade futura, reparar o mais cedo possível os males que se tenham praticado em relação ao próximo, e perdoar aos inimigos, para assim se extinguirem, antes da morte, todos os motivos de desavença, toda causa profunda de animosidade posterior. Dessa maneira se pode fazer, de um inimigo encarnado neste mundo, um amigo no outro, ou pelo menos ficar com a boa causa, e Deus não deixa ao sabor da vingança aquele que soube perdoar. Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário, não quer apenas evitar as discórdias na vida presente, mas também evitar que elas se perpetuem nas existências futuras. Não sairás de lá, disse ele, enquanto não pagares o último ceitil, ou seja, até que a justiça divina não esteja completamente satisfeita. 

Minhas reflexões

O que significa o verdadeiro perdão? O que aquele que perdoa necessita fazer para que o perdão seja genuíno? Como ter clareza de que o perdão é verdadeiro e não apenas um “dourar a pílula”? 

E essas perguntas me levaram a outra inquietação: E o autoperdão, quando e como ele acontece? 

É comum quando agimos de maneira a causar desconforto, incomodo e dores a outros o ato de pedir desculpas. Mas, o que pode significar esse ato? 

Analisando friamente a palavra Desculpa temos o prefixo DES que denota exclusão seguido da palavra CULPA. Então, é possível dizer que desculpar significa excluir a culpa de alguém, ou seja, quando peço desculpas é como se estivesse, sem perceber, pedindo ao outro que retire de mim algo que deve ser retirado com esforço e consciência por mim mesmo. 

Porém quando digo genuinamente, SINTO MUITO, revelo que percebo o mal causado, qualquer que seja sua dimensão, e compreendo a dor, que mesmo involuntariamente causei, gerando possibilidade para o nascimento do verdadeiro PERDÃO. 

Sinto que o PERDÃO não se configura numa palavra e sim num ato de amor e bondade que deve ser realizado com o coração livre de ressentimentos 

Há uma frase atribuída a William Shakespeare que diz: "Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra" 

E quando guardamos ressentimentos contra nós mesmos? Que veneno é esse que ingerimos a conta-gotas quando nos sentimos culpados e não aprofundamos em nossa alma para compreender as razões dessa magoa? 

Estudamos, na apometria, a auto-obsessão, situações em que nós mesmos nos obsediamos seja com pensamentos obsessivos dessa encarnação ou de outras. Percebo que a culpa e a ausência de perdão são alguns dos grandes vilões que nos conduzem às dores e tristezas que podemos viver. Nós muitas vezes somos os agentes causadores de nossas dores e das alheias também. 

E se de encarnação em encarnação acumularmos culpas e mágoas, como cuidaremos do nosso efetivo desenvolvimento espiritual? 

Realmente, não tenho respostas para essas perguntas ou talvez tenha muitas respostas que ainda não foram acolhidas em minha alma, mas posso afirmar que se não fizermos uma pesquisa interna – que pode se configurar num árduo trabalho – teremos pouco êxito no exercício do perdão e do autoperdão. 

Para finalizar gostaria de trazer uma definição de perdão que a mim faz bastante sentido. O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. 

Deve ser concedido sem qualquer expectativa de compensação, e pode ocorrer sem que o perdoado tome conhecimento (por exemplo, uma pessoa pode perdoar outra pessoa já desencarnada ou que não se vê há muito tempo). 

O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se revela nas palavras, mas é reconhecido pelos atos. 

Então, sinto que é importante tomarmos contato com nossas magoas e culpas e com a amorosidade que o mestre Jesus nos ensinou reconsiderar nossos julgamentos a cerca de todos os que nos cercam, buscando a compreensão dos motivos que os levam a agir da forma que agem e assim verdadeiramente perdoar. 

E o exercício que pode ser bastante difícil, mas fortemente necessário, é o de corajosamente PERDOAR-SE. Sinceramente, não vejo possibilidade de perdoar o outro se eu não for capaz do autoperdão. 



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