sexta-feira, 13 de abril de 2012

Amar ao próximo

Reflexões baseadas na leitura do Capítulo 11 do Evangelho Segundo o Espiritismo: Amar o próximo como a si mesmo 


Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, essas foram as palavras de Jesus quando inquirido pelos Fariseus sobre qual seria o maior mandamento da lei. 

Mas, qual o significado desse amor sobre o qual Jesus falava? 

Ao longo dos tempos a palavra amor foi sendo banalizada. O amor sobre o qual Jesus falava não refere-se apenas ao sentimento que une os casais, aquele dedicado pelos pais a seus filhos e dos filhos aos pais. O amor cristão é aquele que nos permite olhar com compaixão para todos aqueles que cruzam nosso caminho. É aquele que nos conecta com genuíno interesse a quem quer que seja. 

Amor é mais que sentimento, amor é renovação, amor é compaixão, amor é desapego. 

Mas, como seria possível amar verdadeiramente se somos seres imperfeitos em busca de desenvolvimento? 

Se devemos ter compaixão pelo outro, penso que é preciso começar a fazer o exercício de autoreconhecimento. Sim, autoreconhecimento! É preciso ter a coragem de reconhecer e jogar luz àquelas características que tentamos ocultar, às nossas não virtudes, às nossas sombras. 

Se Jesus disse amais uns aos outros como a ti mesmo, em suas palavras está implícito que só é possível amar se houver amor próprio. 

Como haveremos de amar se não houver esforço para conhecer profundamente a alma que habita nosso corpo? Como poderemos dedicar nosso amor a outro sem que antes tenhamos compreensão de nós mesmos? Como poderei atender as necessidades de outro se tenho pouca clareza sobre as minhas próprias? 

Acredito que para amar o próximo é preciso saber quem somos e isso só é possível com o esforço e decisão. É preciso olhar mais para dentro do que para fora, é preciso reconhecer as próprias mazelas e fortalecer as virtudes. É preciso não apontar os erros e descaminhos dos outros, é preciso respeitar as escolhas e estar perto, disponível para acolher se necessário for. 

Porém, muitas vezes, nos deixamos levar pelas circunstancias da vida e nos afastamos do que é, de fato, essencial e não percebemos a beleza e a força amorosa que reside em nós mesmos e ficamos esperando que o mundo atenda nossas necessidades. E sem perceber cegamos, emudecemos e ensurdecemos para os chamamentos de nossa alma. 

E se não notamos ou não damos atenção ao clamor de nossas almas, como haveremos de se dedicar ao outro com verdadeiro amor? 

A nós foi dada a dádiva da vida, essa experiência que nos permite desenvolvimento, que nos permite errar e aprender com os erros e por incontáveis vezes podemos voltar para realizar o que não demos conta de fazer. 

E encarnação após encarnação nos é dada a oportunidade de vivenciar o amor, mas muitas vezes confundimos esse sentimento com sensações. Confundimos amor com paixão, desejo, interesse, simpatia... 

Ainda vivemos muito conectados com a vivência terrena do amor e por isso confundimos esse nobre sentimento. 

Acredito que para amarmos verdadeiramente precisamos compreender que ainda somos suscetíveis aos sentimentos carregados de polaridade como atração e repulsa, simpatia e antipatia. 

Sinto que é preciso acolher essas emoções que muitas vezes nos fazem reféns de nós mesmos. Ao compreender que é humano senti-las, podemos aceitá-las como parte de nós, mas não mais nos deixar conduzir por elas. 

No capítulo 5 do Evangelho segundo o Espiritismo, Bem aventurados os aflitos, há uma passagem que diz: Libertar-se do homem velho significa deixar para traz o orgulho, a vaidade, os vícios e os maus procedimentos que ao longo de muitas existências vamos praticando. Quando nos libertarmos dessa maneira de agir, nascerá o homem novo, cheio de virtudes e pronto para praticar os ensinamentos de Cristo. 

Se cá estamos, é sinal de que ainda há muito a aprender, muito esforço a empreender e sinto que para a maioria de nós, algumas lições ainda são incompreensíveis, e por isso não se transformam em aprendizados que poderão ser levados adiante. 

Talvez, o que possamos fazer é estar mais atentos ao que está a nossa volta, não colocando nossos problemas e inquietações acima de tudo. Sinto que é preciso exercitar o olhar amoroso ao outro, tentando compreender as razões de seu comportamento, mesmo que seja algo que a princípio nos pareça aviltante ou contra nós. O amor nasce na tolerância, na empatia, na aceitação. 

Certa vez, recebi um texto que fala de uma maneira muito interessante sobre o amor. É mais ou menos assim: 

"Amar é uma decisão, não um sentimento. 
Amar é dedicação e entrega. 
Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. 
O amor é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. 
Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim. 
Amar exige aceitação, valorização, respeito, afeto, ternura, admiração e compreensão. 
Isso é tudo, então, ame! 

Para finalizar, gostaria de citar um ser humano que é exemplo de dedicação amorosa aos outros, Madre Teresa de Calcutá. Ela costumava repetir: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso.” 

Que possamos seguir o conselho dessa sabia senhora que nos deixou há quase 15 anos, mas que certamente está amorosamente zelando por nós. 

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